Asterix entre os Pictos, de Albert Uderzo, René Goscinny, Jean-Yves Ferri e Didier Conrad

Asterix entre os Pictos

Conheci as aventuras de Asterix e seu fiel companheiro Obelix, ainda criança, em uma adaptação cinematográfica que periodicamente era reexibida pela TV Globo. O caráter humorístico e caricatural dos personagens foi o que mais me agradou a princípio. Esse mesmo ponto é também o argumento usado pelos não simpatizantes. Pouco depois de conhecê-los, soube que se tratavam de personagens de uma história em quadrinhos francesa, criada por Albert Uderzo e René Goscinny. Saber disso foi o suficiente para eu gostar ainda mais dessa duplinha, que juntamente a outros personagens – Garfield; Hagar, o Horrível; Mafalda; Turma da Mônica – fizeram parte da minha infância, e da de muita gente por aí.

As aventuras de Asterix surgiram em 1959 na revista Pilote. Com o sucesso das personagens veio a compilação em álbuns anuais, sendo o primeiro editado em 1961. Para quem não conhece, a trama se passa no ano 50 antes de Cristo, na Gália (que corresponde ao atual território francês e parte de suas adjacências). A maior parte do território gaulês foi ocupada pelos romanos, comandados por César, menos a aldeia onde Asterix vive, na Armórica, ao norte da Gália. Apesar de todo o aparato dos soldados romanos, os gauleses contam com uma poção mágica que lhes dá uma força sobre-humana, criação do druida Panoramix. Obelix é o único que não necessita bebê-la, pois quando criança ele caiu em um caldeirão dessa poção e ganhou permanentemente esse superpoder.

René Goscinny, Albert Uderzo, Didier Conrad e Jean-Yves Ferri
Em ordem: René Goscinny, Albert Uderzo, Didier Conrad e Jean-Yves Ferri

Não há uma evolução linear nas histórias de Asterix, os personagens habitam em um lugar comum, que é constantemente revisitado em episódios diferentes. O limite das aventuras é, portanto, a criatividade dos autores. Os criadores iam bem com a publicação de seus heróis, até que em 1977 morre Goscinny, deixando para Uderzo a tarefa de dar continuidade à vida de Asterix. Uderzo mesmo com todo o trabalho dobrado sobre suas costas, sempre foi relutante em passar seus personagens para outras mãos que não as dele mesmo. Isso perdurou até agora em 2013, já que o lançamento do 35º álbum oficial dos personagens é assinado pela parceria entre Jean-Yves Ferri (texto) e Didier Conrad (desenhos).

Asterix e os Pictos

Em Asterix entre os Pictos, o inverno assola a pequena aldeia gaulesa, até que a rotina de seus habitantes muda drasticamente quando Asterix e Obelix encontram na praia um cubo de gelo muito peculiar, com um homem dentro. Todos tentam adivinhar a origem do tal homem até que o sábio Panoramix constata se tratar de um Picto, vindo da Caledônia (atual Escócia). Tendo perdido a fala, o picto não sabe informar nada sobre seu passado e origem, assim Asterix e Obelix partem para a terra dos pictos a fim de devolver seu habitante e descobrir mais sobre seu povo. É então que começa a aventura repleta de humor com direito a salvamento de uma princesa e lutas contra o império romano.

O humor presente nas histórias de Asterix é muito marcado pelas referências aos tempos modernos (alheio ao universo dos personagens), pela representação caricatural de algumas figuras históricas importantes e pelos trocadilhos, muito presentes nos nomes dos personagens. Asterix e Obelix, por exemplo, são referências aos símbolos tipográficos asterisco e obeslisco. Os nomes gauleses masculinos possuem o sufixo –ix (Chatotorix, Abracurcix, Veteranix) e os femininos o sufixo –ina (Naftalina, Ielousubmarina). Outros sufixos são usados para identificar os mais diversos povos que aparecem nas aventuras: romanos, normandos, bretões, egípcios e mais. Os próprios nomes referem significados da personalidade dos personagens (Chatotorix) ou de referências extra-narrativas, como Ielosubmarina (que remete ao álbum Yellow Submarine, dos Beatles).

Asterix no CinemaO sucesso dos heróis gauleses é tanto que os mesmos já ganharam 12 adaptações cinematográficas, sendo 08 em animação e 04 com atores reais (live-action). O último live-action, Asterix e Obelix: ao Serviço de Sua Majestade (Astérix et Obélix: Au service de sa Majesté, 2012), foi inclusive lançado em 3D. E não para por aí, em 2014 está previsto para estrear uma nova animação, a primeira também em 3D, intitulada Asterix: The Land of The Gods (Le Domaine des Dieux). Com o início dessa nova parceria entre Ferri e Conrad, há de se esperar muito mais novidades relacionadas a esses personagens, seja nos quadrinhos, na TV ou no cinema. Vida longa aos gauleses.

Por fim, Asterix entre os Pictos, é leitura mais que recomendada para os fãs de quadrinhos franceses, ou BDs (bande dessinée), assim como é uma leitura divertidíssima para quem ainda não conhece a história dos personagens. É possível ler este volume sem prejuízo no entendimento, como eu disse antes, não há uma história cronológica e linear, cada álbum é um episódio novo com história fechada. O belíssimo trabalho de edição da Editora Record preserva o padrão que já vinha sendo adotado na série desde os primeiros volumes. Vale a pena.

Curiosidades:

  • O álbum Asterix entre os Pictos vendeu 200 mil exemplares só no dia do seu lançamento em Outubro desse ano. A HQ bateu o record anterior do best-seller erótico 50 Tons de Cinza. A primeira tiragem esgostou em apenas uma semana, e a versão capa dura do álbum continua na lista dos mais vendidos na França, ocupando a 11ª posição. A editora francesa lançará uma nova tiragem ainda nesse mês.

Sequência de publicação/Cronologia da série:

Álbuns Oficiais:
01. Asterix, o Gaulês (1961); 02. A Foice de Ouro (1962); 03. Asterix e os Godos (1963); 04. Asterix Gladiador (1964); 05. Uma Volta pela Gália com Asterix (1965); 06. Asterix e Cleópatra (1965); 07. O Combate dos Chefes (1966); 08. Asterix entre os Bretões (1966); 09. Asterix e os Normandos (1967); 10. Asterix Legionário (1967); 11. O Escudo Arverno (1968); 12. Asterix nos Jogos Olímpicos (1968); 13. Asterix e o Caldeirão (1969); 14. Asterix na Hispânia (1969); 15. Asterix e a Cizânia (1970); 16. Asterix entre os Helvéticos (1970); 17. Asterix e o Domínio dos Deuses (1971); 18. Asterix e os Louros de César (1972); 19. Asterix e o Adivinho (1972); 20. Asterix na Córsega (1973); 21. O Presente de César (1974); 22. A Grande Travessia (1975); 23. Obelix e Companhia (1976); 24. Asterix entre os Belgas (1979); 25. O Grande Fosso (1980); 26. A Odisseia de Asterix (1981); 27. O Filho de Asterix (1983); 28. As 1001 Horas de Asterix (1987); 29. A Rosa e o Gládio (1991); 30. A Galera de Obelix (1996); 31. Asterix e Latraviata (2001); 32. Asterix e a Volta às Aulas (2003); 33. O Dia em que o Céu Caiu (2005); 34. O Aniversário de Asterix e Obelix: O Livro de Ouro (2009); 35. Asterix entre os Pictos (2013)

Álbuns Especiais:
# Asterix e Seus Amigos: Uma Homenagem a Albert Uderzo (2007); # Como Obelix Caiu no Caldeirão do Druida Quando Era Pequeno (2009); # Onde está Asterix? (livro-jogo, 2010)

Álbuns de Filmes:
# Os 12 Trabalhos de Asterix (1976); # A Surpresa de César (1985); # O Golpe do Menir (1989); # Asterix e os Índios (1995); # Asterix e os Vikings (2006); # Asterix nos Jogos Olímpicos (2008)

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Ficha Técnica

Asterix entre os PictosTítulo: Asterix entre os Pictos
Título original: Astérix chez les Pictes
Série: As Aventuras de Asterix
Autor(a): Albert Uderzo, René Goscinny, Jean-Yves Ferri e Didier Conrad
Editora: Record
Tradução: Gilson Dimenstein Koatz
Edição: 2013 (1ª)
Ano da obra / Copyright: 2013
Páginas: 48
Sinopse: O novo — e aguardadíssimo — álbum 35 de Asterix chega em outubro! E marca a estreia de uma nova parceria. Ilustrado por Didier Conrad e escrito por Jean-Yves Ferri, traz os personagens épicos em novas aventuras… na Escócia. É nas terras dos Pictos que Obelix, Asterix e Ideiafix, entre outros, entram nas mais incríveis situações e fazem uma série de novos amigos. E inimigos!

Onde comprar:
SubmarinoSaraiva | CulturaEstante Virtual

8 comentários

    • Oi Soraya,
      Eu fiquei muito nostálgico com essa leitura também. Quando eu era criança adorava os filmes. Acabei me tornando fã de quadrinhos logo depois.
      Lembro também que eu jogava um joguinho do Asterix no Super Nintendo e isso é mais nostálgico ainda.
      Obrigado pelo comentário.
      Beijão

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  1. eu gosto demais de Asterix, paguei uma cadeira eletiva sobre quadrinhos e claro que não poderia falta Asterix na bibliografia. 😀
    Infelizmente ainda não li todos, mas sempre que posso, compro. ^^

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    • Oi querida,
      Vi que você curtia a página oficial do Asterix no Facebook, então nem hesitei em compartilhar o link.
      Bom saber que você gosta mesmo. Deve ser legal estudar quadrinhos na faculdade, eu adoro quadrinhos franceses e com esse não poderia ser diferente, mas também não li todos.
      Beijão.

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  2. Amei o post, e incrivelmente nunca li Asterix. Confesso que fico com a mão coçando de vontade de levar os HQs emprestados da biblioteca da Aliança Francesa, mas prefiro deixar para quando estiver mais tranquila com as demais leituras.
    Uma pequena confissão: me arrependo mortalmente de não ter visitado o parque do Asterix e Obelix na França. Quem sabe um dia…

    Um beijão! Livro Lab

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    • Oi Aline,
      Fico feliz que tenha gostado do post. =D
      Olha você devia ler uma das aventuras de Asterix, são bem divertidas. Sem falar que são leituras muito rápidas, dá pra ler na volta pra casa, ou numa fila. Os álbuns são curtinhos.
      Nossa, deve ser muito bacana o parque, eu também estaria arrependido, se tivesse ido lá e não tivesse visitado. Na verdade, eu nem sabia que tinha. Mas já fiz a anotação mental de ponto turístico caso um dia eu vá por lá.
      Beijão

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  3. É muito bom esses dois. Quando criança assistia muito. Agora em relação aos HQ deles, ainda não li. Mais pretendo ler depois dos seus comentários sobre eles.

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    • Oi Elizabeth,
      Eu também adorava esses dois quando eu era criança. Ler essa HQ foi uma experiência de pura nostalgia, adorei.
      Espero que consiga ler também.
      Beijos

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