| Resenha | A Princesinha, de Frances Hodgson Burnett

A Princesinha (Detalhe)

Quando a gente não perde a calma, as pessoas sabem que a gente é mais forte que elas, porque consegue se controlar, e elas ficam dizendo coisas estúpidas, de que depois se arrependem.
Frances Hodgson Burnett, A Princesinha, pág. 108

A primeira vez que tive contato com os trabalhos de Frances Hodgson Burnett foi através de filmes adaptados de suas obras. Falo especialmente de O Jardim Secreto e A Princesinha, clássicos da Sessão da Tarde. Lembro que a cada vez que eram exibidos eu reassistia e me encantava. Só depois soube que ambos os filmes eram adaptações de livros e que eram da mesma autora. Só agora pude conhecer melhor um pouco do seu trabalho e preciso dizer que é ainda mais encantador do que qualquer adaptação cinematográfica.

Tendo conhecido A Princesinha pelo filme de Alfonso Cuarón, que é um pouco diferente do original, tive a surpresa de encontrar detalhes bem distintos que fizeram eu gostar mais ainda do livro. Diferentemente do que havia visto do filme, a história de Burnett fala não só sobre uma garotinha rica e bondosa que vai para um internato e depois passa a ser escravizada. No livro, há um contexto histórico bem presente, situado após o fim da Era Vitoriana. Com isso, a autora traz diversos temas que eram pertinentes na época, além de seguir o caráter instrutivo da literatura infantil desse período.

A Princesinha (Ilustração 01)

No original, Sara é uma garotinha indiana, filha de pai inglês e mãe francesa. Orfã de mãe e tendo sido criada por um pai muito rico e bondoso, Sara recebe uma boa educação desde cedo. Ela é apaixonada por livros e praticamente uma autodidata. Aos sete anos, seu pai a leva para um internato em Londres, o Seleto Seminário para Senhoritas da Miss Minchin. Apesar de não se empolgar com a ideia de deixar seu pai, Sara é madura e entende bem o que está acontecendo, o porquê de ir para o seminário e tudo mais.

A adversidade põe as pessoas à prova. (pág. 91)

Por ser de uma família muito rica, Sara é tratada com mais regalias do que suas companheiras. Além disso, rapidamente ela consegue a atenção e o carinho de maior parte das meninas. Sara tem o dom de inventar e contar histórias que encantam a todos, causando ainda mais admiração e inveja nas pessoas. É também detentora de um coração bondoso, sempre disposta a ajudar. Sua vida segue normal, até que um dia chega a notícia de que seu pai morreu, após virar sócio num empreendimento com minas de diamante. O que se soube é que seu amigo e sócio fugiu com o dinheiro investido pelo pai de Sara. Assim, ela fica pobre, sem família e sem condições de pagar a escola. A partir daí, Miss Minchin, que já não simpatizava com a garotinha, passa a explorá-la com o trabalho no seminário.

A Princesinha (Ilustração 02)

Ao longo dos sete anos em que a trama se desenvolve, Sara consegue não apenas a admiração de suas colegas como faz amizades importantes que a ajudam a seguir em frente. A primeira amiga que Sara conhece no seminário é Ermengarde, uma garota gordinha e sem graça que sofre bullying das colegas por não conseguir aprender tão rápido como as outras. Depois ela se torna amiga de Lottie, uma garotinha mal criada a quem Sara ajuda a superar a perda da mãe; e Becky, uma garotinha muito pobre, ajudante de copeira e espécie de faz-tudo no seminário. Juntas, elas aprendem o verdadeiro valor da amizade e nos ensinam várias lições sobre civilidade e moral.

O que a gente tem que fazer com a cabeça, quando o corpo está se sentindo mal, é pensar em outras coisas. (pág. 134)

Eu poderia passar horas discorrendo sobre esse livro, mas a leitura dele se explica por si só. A Princesinha é um livro mais que recomendado, para crianças de 10 a 100 anos. Burnett alfineta o cerne da hipocrisia humana, chacoalha nossos conceitos sobre o amor e a bondade, ou do que é amar o próximo. Tudo isso através de uma história linda e emocionante, capaz de marejar nossos olhos e aquecer nosso coração facilmente. A edição da editora Salamandra é impecável: impressa em papel couché, lindamente ilustrada por Rebecca Green e com tradução da queridíssima Ana Maria Machado. Se tornou fácil um dos meus favoritos.

Nota: 💚💚💚💚💚

Trailer do filme de 1995

Ficha Técnica

A PrincesinhaTítulo: A Princesinha
Título Original: A Little Princess
Autor(a): Frances Hodgson Burnett
Ilustrações: Rebecca Green
Tradução: Ana Maria Machado
Editora: Salamandra
Edição: 2015 (1ª)
Ano da obra / Copyright: 1905
Páginas: 216
Skoob: Adicione
Extra: Material para professores
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5 comentários

    • Oi Carla,
      Eu também fiquei surpreso quando soube. O livro é um pouco diferente, mas igualmente lindo. Você vai adorar.
      Beijão. 😘😘

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