A relação de rivalidade entre madrasta e enteado já é vista como clichê. Aquela história do menino que odeia a substituta de sua mãe já deve ter saturado muita gente. Mas não é isso que acontece com este livro do peruano Mario Vargas Llosa. Elogio da Madrasta (Elogio de La Madrastra, 1988) surpreende em todos os aspectos, desde a abordagem até a estrutura dessa novela erótica.
Lucrécia é uma mulher que acaba de completar seus 40 anos, porém sua elegância e sensualidade permanecem intactas. Torna-se a segunda mulher de Dom Rigoberto. Ambos têm uma vida conjugal feliz e sexualmente ativa. O único empecilho disso tudo seria Alfonso (ou Fonchito), o filho de Rigoberto, que era muito apegado a sua falecida mãe, Eloísa. Contudo as coisas não acontecem como ela imagina, o pequeno Fonchito se mostra amoroso e carinhoso com ela, beirando até o exagero.
A idade de Alfonso não é especificada, mas pela descrição do personagem, nota-se que há momentos em que aparenta ter 10 anos e em outros aparenta ter no máximo 15, permitindo-se fazer uma média (suposta) entre esses dois valores. Lucrécia resiste ao máximo o contato, mas aos poucos vai cedendo às carícias e inocência do menino. Por ser o menino quem assume as iniciativas e até pela brincadeira de observá-la durante o banho, fica difícil dizer se a madrasta está corrompendo o menino, ou o contrário.
Elogio da Madrasta (Alfaguara, 160 págs.) é, além de uma novela erótica, uma sátira do gênero, mais precisamente de um dos temas desse gênero, o da relação madrasta-enteado. Mario Vargas pega o clichê e o conta de uma forma imprevisível que irá surpreender a qualquer um.
Mais uma vez somos instigados a questionar a inocência das crianças. Alfonso é um garoto que representa para quem o olha, um poço de doçura e inocência. Mas, por trás dessa paixão arrebatadora que sente por sua madrasta (e ela por ele), há algo muito maior, que definirá o destino de todos.
Outro ponto positivo e muito interessante está na estrutura da obra. Os capítulos que narram a história de Lucrécia, Rigorbeto e Alfonso são intercalados com relatos históricos, mitológicos e religiosos inspirados em quadros famosos reproduzidos no início desses capítulos. Esses “contos” figuram a imaginação dos personagens da novela e são até encenados por eles em alguns momentos. Entre os quadros “narrados” estão Candaules, rei da Lídia, mostra sua mulher ao primeiro-ministro Giges (de Jacob Jordaens), Diana depois de seu banho (François Boucher), Vênus com o amor e a música (Tiziano Vecellio) e A Anunciação (Fra Angelico), onde Mario Vargas recria a cena bíblica em que Maria recebe a notícia celestial de que terá um filho, aqui exposta de forma humorada.
O autor não deixa em nada a deseja, além de escritor é jornalista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário, entre seus livros publicados por aqui estão Travessuras da Menina Má, A Guerra do Fim do Mundo, A Cidade e os Cachorros e outros. Quanto a este elogio, recomendo.
Muita boa a resenha, conseguiu apresentar bem o livro e despertar a curiosidade para lê-lo, parabéns!
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Obrigado Alexandre,
Fico feliz que tenha gostado!
Abraço!
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Se as pernas da foto forem da madastra… vou te contar… kkkk
Deve ser legal. =D
Abração!
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Hahahaha, Rascius você é ótimo!
E sim são da madastra! Ela é altamente sensual, segundo a descrição do Vargas Llosa!
Você iria gostar muito!
Abraços!
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Embora não seja o tipo de livro que me arrebata, Llosa é um dos melhores escritores da América Latina. Não que eu tenha lido muitos, mas ele é criativo e engenhoso. A maioria dos escritores latinos que conheço são brasileiros mesmo. Enfim, mas é um sujeito que já tem um nome consagrado por aí afora. Um excelente escritor no trato das palavras. Parece redundância, mas hoje é tão difícil encontrar um com esse atributo tão básico… Fico feliz de ter lido esse livro.
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Oi Cássia
Eu fico feliz que tenha gostado do livro! Eu também adorei essa experiência com o autor! Ganhei ele de presente de aniversário ano passado da minha amiga Cristiana Galeno! Li ele bem rapidinho e fiquei com vontade de ler mais do autor, ainda mais pelo fato de coincidentemente logo depois de eu ter ganhado o livro, ele recebeu o prêmio Nobel!
Abraços!
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gosto de ler Vargas Lhosa porque com suas historias conseghe divertir com seu bom humor.
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Rubens,
Esse foi o primeiro livro do Vargas Llosa que eu li, e gostei muito mesmo.
Estou ansioso para ler outros livros do autor!
Abraços!
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Rocío Lloréns Guillen Sig Ir.
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