A Revolução dos Bichos (Animal Farm, 1999)

Hoje quando se fala em adaptações de livros para filmes, os leitores já ficam com certo receio sobre a qualidade e a fidelidade do roteiro. Alguns diretores e roteiristas têm a tendência de incrementarem ou modificarem demais o enredo, alegam que algumas coisas se encaixam melhor da forma deles. Porém tem modificações inaceitáveis como fizeram com Percy Jackson e O Ladrão de Raios. Aqui em A Revolução dos Bichos, filme de 1999, essas modificações são mais que aceitáveis, pois o filme ganha uma característica própria e sem exageros obedecendo bem o que está escrito no livro. Mas como nenhuma adaptação é literal, há alguns pontos distintos entre livro e filme.

Os animais da “Fazenda do Manor” não estão nada satisfeitos com os cuidados (?) que Jones, o proprietário da fazenda, lhes submete. Eles que já vinham tramando uma espécie de rebelião para instaurar de vez o Animalismo, resolvem partir para ação e expulsam o velho Jones e sua esposa, tomando para eles o controle de toda a fazenda. O Major, um sábio porco torna-se o líder deles e fundador do Animalismo, é respeitado por todos, mas infelizmente morre logo no início da história. Como os porcos são os bichos mais inteligentes da fazenda acabam por assumir o poder, porém há certa rivalidade entre dois deles, Bola-de-Neve e Napoleão. Enquanto Bola-de-Neve tenta continuar o mandato de Major, seguindo seus preceitos, Napoleão tem ideias divergentes, que visam interesse próprio e, infelizmente, termina por assumir o controle.

Para quem já leu o livro isso não é nenhuma surpresa, mas não se preocupe, se você não leu isso aqui não é Spoiller, basta você abrir seu livro de História no capítulo sobre Revolução Russa que vai achar algo bem parecido. E o motivo para isso é apenas um: A Revolução dos Bichos nada mais é do que uma sátira, aos grandes líderes daquela época. Bola-de-Neve estaria incorporando Trotski e Napoleão seria Stálin, há estudiosos dessa obra (livro e filme) que especulam ser Lenin o velho Major. Essa fábula criada por George Orwell critica esses regimes totalitários e figura-se como anticomunista.

O filme em questão foi dirigido por John Stephenson a partir do roteiro de Alan Janes. O interessante é que esse filme foi feito para TV, o que não é estranho constatar depois de assisti-lo. Sabe-se que este tipo de filme tem características próprias, mas A Revolução dos Bichos poderia e deveria ter sido exibido nos cinemas! No elenco humano temos Alan Stanford, Caroline Gray e Gail Fitzpatrick. Por trás das vozes dos bichinhos temos Kelsey Grammer, Ian Holm, Patrick Stewart, Paul Scofield, Julia Ormond e outros. Existe também adaptação do livro em animação, que é recomendado que se veja!

Nos aspectos que diferem podemos dizer que o filme é mais leve que o livro, até porque este filme sendo para TV, seria visto por famílias. Com isso todo o derramamento de sangue ficou no campo simbólico, bem explicado pelo cineasta Jean-Claude Carrière em seu livro A Linguagem Secreta do Cinema. Um exemplo disso é a cena que seria a batalha com derramamento de sangue que no filme é simbolizada por um reservatório de água eclodindo. Outro ponto distinto é o final, que devo dizer que é bem suave no filme, dando a vaga impressão de um final feliz que não existe no livro. Porém a impressão é apenas vaga, pois é possível constatar que aquilo dará início a um ciclo.

O mais legal de tudo é que essa revolução de bichos apesar de tratar de algo bem específico, pode ser ampliada para outros campos sociais e permitindo discussões sobre diversas esferas. É possível discutir política, religião, ética, liberdade de imprensa, enfim… E é isso que deixa essa obra-prima viva até hoje. É uma verdadeira fábula atemporal. E Digo novamente tanto o livro como o filme são ótimos e devem ser apreciados em suas individualidades, mas também digo que um complementa o outro. Recomendo!

Leia também minha resenha do livro: AQUI!

10 comentários

  1. ” Estou fazendo um trabalho na minha escola—-Pilar Garcia—- sobre esse filme…… Na aula de historia com o professor adilson…..”

    Curtir

  2. Não sabia que existia um filme, li o livro a uns messes atrás e gostei muito, darei um procurada agora para ver o filme. E na parte “…Nos aspectos que diferem podemos dizer que o filme é mais leve que o filme,…” acho que você quis dizer o filme é mais leve que o livro certo? Apenas uma correção. Obrigado.

    Curtir

    • Oi Nick,
      Que bom te ver por aqui de novo!
      Eu fiquei sabendo da existência do filme no Clube de Leitura que eu participo. Ele foi exibido quando discutimos o livro do Orwell. Há uma versão em animação também, essa de 1999 vale muito a pena ver.
      Valeu pelo toque em relação ao texto, sempre há erros que passam despercebidos na revisão!
      Abraços!

      Curtir

    • Oi Leonardo, tudo bem?
      Então, há algumas diferenças entre o livro e o filme, isso porque levar uma história para o cinema requer mudanças para que tudo se encaixe e faça sentido. Mas a essência das duas versões é a mesma. Não há uma resposta pronta para a sua pergunta, mas eu sugiro que leia esta resenha do filme e depois leia a resenha que eu fiz par ao livro AQUI, assim você pode notar pontos de diferença, certo? Mas para melhor responder à sua pergunta só lendo o livro e assistindo ao filme, ambos são curtinhos então rapidinho você termina.
      Abração e obrigado pela visita.

      Curtir

  3. Desculpe, Ademar, mas o filme é péssimo.

    O livro é uma delícia. Algo realmente fantástico. E (como Hollywood estraga tudo), vi aqui uma adaptação terrível.

    Como assim Pilkngton aparece logo no começo? Ou aquela cena na cama, que dá vergonha alheia. Cruzes.

    Achei um tremendo desrespeito com o livro. Não existia nenhuma cadela chamada Jesse. A trama (do livro) tem como principais personagens porcos e cavalos.

    Não é à toa que o filme teve 40% no Rotten Tomatoes. Não consegue agradar nem adultos, nem crianças.

    Curtir

Deixe um Comentário